Um dia decidi dar uma sumida da civilização e aluguei uma casa de pescador na cidade de Cumuruxatiba, ao sul da Bahia. Na mala pouquíssimas roupas, 5 metros de tela enrolada e muitas tintas.

Casa de quintal grande, no Morro da Fumaça, nome bem sugestivo por sinal. Consegui descobrir o fornecedor de coco e ele os colocou ao pé de uma imensa mangueira.

Passei 12 dias por lá, indo à praia logo cedo,  descansando na rede e depois pintando sem parar em cima da mesa de almoço, que era toda em madeira e ficava do lado de fora da casa. Vez ou outra um papagaio vinha me visitar e se confundia com as cores de minhas tintas.

Banhos ao ar livre, caminhadas e boa comida, dá para querer mais?

Para ver se a pintura estava boa, eu colocava as duas telas penduradas em um varal. Aí me afastava para ver no que tinha dado aquelas horas de trabalho, e deu no que deu.

Uma delas mostra um peixe que mergulha, estrelas alaranjadas e peixes dourados em um fundo azul cobalto. A outra é uma profusão de peixes, conchas e emaranhados, que mostram o mar rosado de Cumuruxatiba.